terça-feira, 18 de março de 2014

Trabalho. Trabalho com drogas. Forneço maconha para pessoas na Cantareira. O negócio com a maconha começou quando a galera, que filava um pouco da minha, começou a perguntar onde eu comprava. De um pequeno grupo de pessoas o negócio cresceu e hoje sou muito procurado na praça... principalmente a galera do futebol, com quem bato uma pelada. A pelada é quase uma desculpa. Chego, distribuo e “jogamos”. A parada de trabalhar assim é que negocio com pessoas de todos os tipos. Tem as pessoas que gostam de você, as que compram sem intimidades e as sem expressões. Tem as que não gostam de mim. Difícil saber, mas existem. Não tenho ideia de quem seja. Uma vez, caminhando para chegar na pelada rotineira, um “guardinha” desses que ficam coçando o rádio o dia todo, me parou e com um empurrão me jogou para dentro da guarita. Não disse nada, mas bateu muito, muito. A guarita era escura e tinha um buraco, onde entrava a luz de fora e por onde eu vi ele passar. Sentado no chão percebi que ele tinha esquecido o rádio. O buraco na parede era a certeza que ele não tinha voltado. Baixei as calças e esporrei no rádio. Achei engraçado a ideia. Ele colocaria o rádio no rosto.    

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