sexta-feira, 28 de março de 2014

DESCARGA

Descrever a casa é descrever um pouco de cada casa que conheço ou imagino. Abro a porta, sim tenho a chave, estou no banheiro. Começo a falar e um cara e outras duas caras entram, não no banheiro onde estou, no banheiro talvez de cada um. Algumas voltas pela casa, andamos em silêncio. Alguém cai e não é socorrido. Isso aconteceu algumas vezes. Já estou em outra parte da casa e aquela que caiu por último e ninguém ajudou, está sentada. Não ajudei porque estava preso no banheiro falando coisas sem sentido e nem sequer usei o vaso. Abro as cortinas e depois as janelas. Nada. Só aquela marca nos tacos no formato do carpete. Frequentemente as janelas eram abertas e o sol bronzeava em volta, queimando tudo e agora nem carpete existe, imagino. Ela precisa de ar e os outros dois falando sobre o carpete. Não há ventiladores no teto. Ela, a que caiu e ninguém socorreu, olha para cima e a única coisa que vê e sente é um cara soprando seu rosto. Eu ali, parado, soprando e toda aquela conversa circulando.  De repente silêncio. Parece que todos precisam de ar agora. Alguém descreveu a cozinha mas ninguém sabe chegar lá. Faço esforço para lembrar como cheguei  e encaro todos esperando resposta. Ela precisa de água e se demorar  vai derreter aqui.

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