Descrever a
casa é descrever um pouco de cada casa que conheço ou imagino. Abro a porta,
sim tenho a chave, estou no banheiro. Começo a falar e um cara e outras duas
caras entram, não no banheiro onde estou, no banheiro talvez de cada um.
Algumas voltas pela casa, andamos em silêncio. Alguém cai e não é socorrido.
Isso aconteceu algumas vezes. Já estou em outra parte da casa e aquela que caiu
por último e ninguém ajudou, está sentada. Não ajudei porque estava preso no
banheiro falando coisas sem sentido e nem sequer usei o vaso. Abro as cortinas
e depois as janelas. Nada. Só aquela marca nos tacos no formato do carpete. Frequentemente
as janelas eram abertas e o sol bronzeava em volta, queimando tudo e agora
nem carpete existe, imagino. Ela precisa de ar e os outros dois falando sobre o
carpete. Não há ventiladores no teto. Ela, a que caiu e ninguém socorreu, olha
para cima e a única coisa que vê e sente é um cara soprando seu rosto. Eu ali,
parado, soprando e toda aquela conversa circulando. De repente silêncio. Parece que todos precisam
de ar agora. Alguém descreveu a cozinha mas ninguém sabe chegar lá. Faço esforço
para lembrar como cheguei e encaro todos
esperando resposta. Ela precisa de água e se demorar vai derreter aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário